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Mostrando postagens de setembro, 2017

A HORA DA GLÓRIA

          O silencio a acordou. Glória acostumara, com muito esforço, os ouvidos aquele zumbido constante de turbina e de repente não ouvia mais nada. O silêncio só significava uma coisa: aquela merda de avião estava caindo.      Um arrepio lhe subiu a espinha. Imediatamente viu surgir os óculos fundo de garrafa de Tia Hercília, com seus imensos olhos verdes cravados nos dela. Segurando firme a palma de sua mão direita, a velha dizia “sinto muito querida, você corre grande perigo”.     Glória tinha apenas oito anos, mas desse dia em diante viveu como se estivesse andando à beira de um abismo. Não adiantou a família explicar que Tia Hercília era paciente do hospital psiquiátrico Vera Cruz, nem que “essa coisa de ler o futuro” não passava de tolice. Nada tirava da cabeça dela a previsão da tia. Por isso até hoje, vinte anos depois, não havia feito nada que pudesse colocar voluntariamente sua vida em risco.     Mas aí veio o telefonema, o pedido urgente de uma visita à