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SOBRE: LILIANE PRATA

Fazia algum tempo que eu não postava aqui mas hoje aconteceu uma coisa tão legal que a primeira coisa que eu pensei em fazer foi correr pra cá.
Todo mundo sabe que eu sou a escolhida do Universo pra ser sacaneada (se você não sabe, leia a maior prova disso com o incidente da calça e sinta-se a vontade para rir da minha cara). Mas às vezes o Universo faz coisas incríveis por mim, o texto é longo mas vale a pena, prometo.

Hoje quando saí do curso que estou fazendo lá na Paulista resolvi passar na Livraria Cultura (sim, o lugar onde a minha experiência com o mago místico aconteceu). Lá tava rolando o "Vira Cultura", uma série de eventos simultâneos sobre as mais diversas coisas, a livraria estava tava lotada.
Foi no meio dessa multidão que virei pro meu fiel escudeiro e disse:
- Nossa aqui nessa virada vai ter uma mesa de debate com uma escritora que eu gosto muito, é a Lili Prata (CONGELA)

PAUSA PARA CONTEXTUALIZAR: Se você me conhece já me ouviu falar dela, a Lili Prata é uma jornalista, escritora e ícone da minha adolescência. . Por causa dela eu comprava sempre a revista Capricho (mesmo não sendo de maneira nenhuma uma garota-Capricho), só pra ler a coluna que ela escrevia. Mais do que isso, é por causa dela que vocês estão vendo este blog, porque foi por causa do blog dela que eu senti vontade de mostrar pra seres humanos (e não só ler pra animais de estimação) os meus textos e criei o meu primeiro blog muitos anos atrás.

(VOLTANDO)

-...escritora que eu gosto muito, é a Lili Prata. Eu vi que ela viria, sempre quis encontrar com ela mas realmente não sei que horas que AI MEU DEUS DO CÉU OLHA ELA ALI! ALI! OLHA ELA, A LILI, MEU DEUS, EU PRECISO FALAR COM ELA.

Essa parte soou desesperada ao ponto de deixar o meu fiel escudeiro desesperado também, mesmo sem nunca ter escutado o nome dela. Ele só falava "CADÊ, CADÊ, CADÊ?", enquanto eu tentava dizer "SAIA LISTRADA".
Nesse momento meu cérebro já estava tentando pensar em como ia falar com ela sem parecer louca já que eu morro de vergonha de falar com dois tipos de pessoas: desconhecidas e pessoas que conheço só na minha cabeça. A Lili fica nesse segundo tipo.
Foi aí que eu resolvi sair correndo e comprar o novo livro dela ( o Três Viúvas), pra que ela pudesse autografar. Era um ótimo plano, eu fui lá comprar e o meu fiel escudeiro se encarregou de segurá-la na saída caso ela resolvesse sair antes de eu chegar, nem que pra isso tivesse que se jogar em cima dela. 
Ok, comprei o livro e voltei feliz da vida pra onde ela estava...mas cadê? 
Nem fiel escudeiro, nem Lili, só Thami vagando perdida com um livro na mão. Quando meu fiel escudeiro retornou (sem a Lili) começamos uma busca impossível por uma saia listrada. 

Vocês já brincaram de "Onde está o Wally"? Então, foi mais ou menos isso.

Eu procurando Lili Prata na Livraria.

Quatro milhões de pessoas estavam lá hoje, dessas quatro milhões, dois milhões estavam de roupa listrada. Imaginem dois idiotas andando no meio da multidão olhando pra baixo, pois é. Foi aí que nós desistimos.
Depois de revirar toda aquela livraria fomos em direção ao café, e quem estava lá? TADAM, sim.
Qual seria a coisa mais digna a se fazer?

a) ir até ela e pedir logo o autografo.
b) segui-la no maior estilo stalker pensando em uma abordagem menos estranha possível mas tornando tudo mais estranho pelo simples fato de estar seguindo alguém.

Isso mesmo, alternativa b. Lá fui eu sentar próxima da mesa dela, sempre com meu escudeiro berrando que eu devia ir logo falar com ela, parar de palhaçada e acabar logo com isso (bem assim, com todo amor e carinho). Pensamos em todo tipo de coisa que eu poderia fazer pra tentar o autografo, coisas do tipo levantar, ler uma página do livro e terminar falando o nome dela como se fosse parte do evento, levantar o livro bem alto pra ela olhar e vir falar comigo, ou ainda, tacar o livro nela "sem querer" e ficar surpresa ao "reconhecê-la". Nada disso funcionava e a minha vergonha só aumentava, principalmente porque ela estava com uma amiga.
A questão é que mais uma vez, num breve piscar de olhos, Lili tinha sumido de novo. Meu escudeiro já estava de saco cheio de mim, eu já estava de saco cheio de mim e essa brincadeira já tinha durando quase uma hora. 
Foi aí que a encontramos novamente (por encontramos leia-se "o escudeiro encontrou" porque eu estava olhando pro lado errado), ela estava entrando naquele mesmo lugar em que meses antes um escritor, vencedor do Jabuti, todo de branco, cabelos grisalhos, tão místico quanto um mago hindu disse que eu "tenho muita luz".
Era a minha chance, de uma vez por todas. Depois de muitos empurrões fui andando até ela, aparentando calma quando na verdade só pensava: que que eu falo meu Deus? ela vai me achar idiota. Cito alguma coisa inteligente tipo...sei lá, Nietzsche? Falo da Clarice Lispector? Falo o que eu adoro o traba - Oi, você pode me dar um autografo? 

E foi aí que ela abriu um sorrisão, e eu contei que estava há uma hora planejando o que dizer pra ela sem parecer creepy.  Eu, stalker, contei toda a saga pra chegar até ali (com direito a interpretações que só agora eu percebi que foram patéticas), ela autografou o livro, tiramos uma foto e conversamos. Eu estava ali, conversando com a Lili Prata. Meu eu adolescente estava aos pulos dentro de mim. Foi incrível. 

E o mais especial disso tudo é que nessa semana eu tive meu primeiro texto gravado profissionalmente e exibido na televisão. Uma coisa boba, mas que é o primeiro passo em direção aquilo que eu sempre quis fazer, e aí eu estava ali diante da pessoa que me incentivou a fazer tudo isso, mesmo sem nem saber da minha existência.
 É como o final de um ciclo, um sinal, uma coisa mágica que só poderia num lugar mágico (e místico) como a seção de artes da Livraria Cultura. 

Tudo lindo e perfeito né? Teria sido se não fosse o fato do único registro desse momento histórico, a gente estivesse de olhos abertos. 

Pois é, não dá pra ter tudo. Fiquem com o que dá pra publicar da foto.



Ps. Brigada Lili, você faz parte disso tudo.


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