A Visita
- Pois não?
- É o Tempo.
- Quem?
- O Tempo, você me pediu pra passar.
- Ah ótimo, queria mesmo acertar as contas contigo.
- Pois bem, eu passei.
- Quem foi que mandou você passar?
- Você.
- Eu não pedi.
- Pediu sim, aquela noite lembra? Você pediu pra que eu passasse depressa.
- Huh. Mas você não passou.
- Eu te fiz esquecer.
- Mentira.
- Você não esqueceu?
- Eu te esperei três anos.
- E eu passei.
- Você bagunçou tudo.
- Eu passo, você ganha de um lado e perde de outro.
- Em qual eu ganhei?
- Você esqueceu.
- Por que você veio parar aqui? Eu não pedi pra você passar e parar aqui.
- Não dá pra escolher, você de repente percebe e só.
- E eu posso tentar parar?
- Quem, a mim?
- É oras.
- Pode. Mas vai gastar dias e dias tentando se lembrar do que eu te fiz esquecer, e quando perceber eu já vou ter passado de novo.
- Sabe, odeio esse seu ar de sabedoria.
- São os anos. Eu já passei muito pela sua frente, não sei como você não me reconheceu.
- Eu te reconheci sim.
- Eu sei.
- Você é tão contraditório.
- Acho que passo tempo demais contigo.
- Não tem graça.
- Desculpe.
- Mas tá, você bagunçou tudo, e eu? O que eu faço agora?
- Vive.
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