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A CORRIDA DO TEMPO

De tempos em tempos eu fecho os olhos e me imagino correndo.
Quando me sinto triste, sufocada ou quando sinto que o mundo é demais para mim eu fecho os olhos. De pés descalços e cabelos ao vento eu me imagino correndo. Correndo, correndo, correndo. Running, running, running.
Minha imaginação é tão forte e poderosa que eu sinto o ar nos meus pulmões e a garganta seca de cansaço...e continuo correndo. Imagino paisagens lindas, que mudam sem que eu me dê conta, geralmente todas ao pôr-do-sol, meu momento preferido de todos os dias.
Eu corro em câmera lenta e me vejo correndo, eu acompanho a mim mesma. Na vida nem sou dada a corridas. Minha imaginação corre por mim e comigo, desde sempre.
Desde sempre senti no peito uma inquietação, como um animal selvagem preso, pronto para sair em disparada a qualquer momento. Eu li num livro uma vez uma metáfora sobre um cavalo preto selvagem preso no peito de alguém pronto pra fugir. Acho que foi aí que eu entendi.
Então continuo correndo, às vezes mais às vezes menos, a cada ano com menos peso pra carregar, com menos barreiras para este cavalo romper. 
O chão tem ficado mais firme e a cada batida do meu coração eu corro mais rápido. Batida. Mais rápido. Batida. Mais rápido. Corro, corro, corro.
Já posso ouvir bem baixinho o som das batidas aqui fora, meu coração aos poucos entrando em compasso com a imaginação, para seguirmos nós dois um dia, livres.


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