Às palavras, com amor.
Eu me lembro do tempo em que letras agrupadas não significavam nada
para mim.
Aquelas histórias que eu inventava para brincar – os impérios que salvei,
minhas fugadas a cavalo, o orgulho que meu povo sentia de mim, sua rainha –
nunca foram escritas.
Depois veio a pré-escola e antes de voltar para as aulas alguém,
talvez a minha mãe, me ensinou um truque: se eu juntasse uma letra com outra da
família do A-E-I-O-U eu ia ter uma coisa chamada sílaba e juntando algumas
sílabas – uma mágica! – eu teria uma palavra.
Acho que foi aí que começou nossa
história de amor, minha e das palavras. Lembro que a primeira palavra que eu li publicamente foi "maio". A professora perguntou o que tava escrito, eu levantei a mão, fiquei de pé e li: "ma-i-o, maio." e ela sorriu de orgulho. Orgulho que minha mãe deve ter sentido na reunião mensal quando a professora disse "D. Carme, não leve a mal não mas preciso pedir pra Thamires não responder mais quando peço pra alguém ler, eu preciso dar chance pros outros."
Como toda criança que descobre esse
mundo mágico passei os dias tentando ler tudo que passava na minha frente.
E nunca mais parei.
E nunca mais parei.
É, posso dizer que o amor pelas palavras é algo comum às versões.
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