Malu estava atrasada zanzando pela casa procurando seus brincos quando apertou o botão para abrir a mensagem de voz. Calçava os sapatos quando ouviu, “ei, Malu, é o João”. Sorriu.
“Eu tô ligando porque...eu
pensei muito na gente, eu...”. A voz de João assumiu um tom sério de repente e
Malu parou, com um sapato na mão e o outro no pé. Não sorria. A mensagem
continuava “olha, eu não sei direito como dizer isso, eu não consigo pensar em
um jeito melhor, então vou dizer logo (respirando fundo) eu acho não dá mais
pra gente. Acabou. Cada um precisa seguir o seu caminho agora. Eu quero que
você seja feliz. Desculpa. Um beijo.”
Malu parou, congelada. Ficou
assim pelos minutos seguintes enquanto repassava na cabeça os últimos meses em
que estiveram juntos, tentando encontrar uma falha, qualquer indício que
pudesse levar a esse momento. Sentia frio, resolveu sentar-se no sofá. Os minutos seguintes passaram em câmera lenta, com nó na
garganta sentiu seu coração quebrado em milhões de pedaços e finalmente
entendeu a expressão heartbreak que sempre odiou. Odiou ainda mais.
Depois teve raiva, muita
raiva, e procurou pela casa alguma coisa pra quebrar. Arremessou na parede a primeira
coisa de vidro que viu pela frente. Não foi o suficiente, a vontade
era de arremessar tudo.
Estava fazendo cena, como
naquelas comédias românticas água com açúcar em que se chora na chuva, sentada na
calçada, até o peito doer. Olhou pela janela, não havia uma única nuvem no céu e
nenhuma gota de água parecia prestes a cair. Numa medida desesperada saiu
correndo para o banheiro, abriu o chuveiro e sentou-se, de roupa e tudo, para o
grand finale dessa cena patética e chorou, muito, até o peito doer.
João não perde por esperar.
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